Mariane Ramos Santos
Era verão, passávamos
as férias em uma cidadezinha do interior chamada Itaju, com pouco mais de 5 mil
habitantes. Todos os moradores conheciam uns aos outros e meus pais decidiram
que seria um ótimo lugar para curtir as férias. Era uma tarde de domingo, o céu
estava lindo e eu estava deitado no gramado do quintal observando a
movimentação das nuvens, pisquei. No mesmo instante, alguém dentro da casa
ligou o rádio e todas as estações anunciavam que o mundo acabaria naquele dia.
Ainda não se sabia como,
mas acabaria. Talvez um ataque de zumbis? Ou o sol queimaria a terra inteira?
Tsunami? Furacão? Olhei novamente para o céu, pensei em ir correndo abraçar
minha família, meus amigos, mas refleti: Impossível, esse dia tá lindo.
Começou a correria na
cidade, as pessoas só falavam sobre o fim do mundo, mas eu? Eu caminhava tranquilo,
tinha fé de que aquilo era boato, conversa fiada, alguém querendo causar polêmica.
Enfim 13h, com todo o movimento da pequena Itajuzinha todos se dirigiam até o
mercado e compravam tudo o que podiam para fazer estoque de alimentos em suas
casas caso o inesperado acontecesse realmente.
Mas eu, Lucas, estava
despreocupado, nada tirava da minha cabeça que isso era apenas uma mentira
iguais às de outros anos. O mundo acabar em pleno ano de 2039? Não! O mundo
ainda era muito novo para acabar.
Meus pais também
estavam no supermercado, então sem almoço fui até uma lanchonete no fim da rua.
“Eu quero um hambúrguer completo, batata frita e uma Coca-Cola”. O garçom me
olhou rápido e apavorado. “Garoto, nós já estamos fechando, você não está
ouvindo as rádios? Estão mandando todos ficar em casa”. Com fome, voltei para a
casa com esperança de encontrar algo para comer. Meus pais ainda não haviam
voltado, então de repente ouvi um barulho, parecia um zunido misturado com um
estrondo muito grande. Abri a janela, e não avistei nada tudo parecia normal,
resolvi sair e olhar a rua inteira.
Quando avistei aquilo,
dei um grito, entrei em pânico, apavorado voltei para dentro de casa. Meu Deus,
eu estava ficando louco, aquilo não podia ser real?! Zumbis? Acompanhados de
insetos gigantes???? Eu estava delirando, até porque aquilo não existia, era
impossível! Minha família chegou em casa, assustados nos escondemos no porão.
Peguei o notebook com o resto de bateria que restava e comecei a pesquisar
possíveis causas que explicassem aquela situação horrível.
Notícias de testes
realizados pelo exército com armas biológicas apareceram nas minhas redes
sociais. Estava explicado! Algo havia dado errado. Mas como seria possível
destruir essas coisas horríveis e salvar o mundo? Esperamos passar a multidão
de zumbis e corremos para o carro. Meu pai dirigia muito rápido, chegamos à
ponte e o trânsito parou. Pessoas se atiravam na frente dos carros pedindo por
carona, adultos, jovens, crianças, parecia um filme de terror. Policiais
atiravam em quem estava se transformando em zumbi.
Não tinha como
atravessar a ponte, e se saíssemos do carro seríamos mortos. Meu pai acelerou
muito forte, passou por cima de todos que estavam ali. Seguimos viagem para o
lado norte do país, íamos parando em postos de gasolina e abastecíamos onde
ainda restava algo. Fomos obrigados a viajar para encontrar um lugar onde
existisse esperança.
Viajamos por dias,
passando por lugares totalmente destruídos, a vegetação estava morrendo. Em
algumas cidades como a nossa, a destruição era pior, mas conforme nos
dirigíamos na direção norte o caos ia diminuindo e chegamos a cidades em que
ele ainda nem havia chegado.
Levei um susto. Acordei
no meio do quintal ainda deitado na grama. Meu Deus! ERA UM SONHO, NÃO ERA
REAL! Pulei, gritei, corri para dentro de casa, tudo estava no seu lugar. As
pessoas que passavam pela rua eram humanas, sem zumbis, ou insetos gigantes.
Que alegria, nossa terra estava a salvo.
Meus pais estavam se ajeitando
para ir até a praia e curtir nossa viagem. Eu nem acreditava que tudo aquilo
foi apenas um sonho, parecia tão real. Eu só tinha a agradecer por não ser
verdade. Peguei minha prancha de surfe e fui até a praia com meus pais e meus
irmãos, então senti que podia compartilhar com eles o meu terrível sonho.
Meu pai me aconselhou a
esquecer tudo aquilo e explicou que às vezes é preciso tirarmos umas férias
para viajar e sair da rotina pois senão nós mesmos nos tornamos nossos monstros
diários, só pensando em trabalhar sem aproveitar a vida. Decidi que esqueceria
aquilo tudo e que aproveitaria cada minuto. Foi incrível. Abandonei a rotina e
foi libertador. Sem pesadelos pelo resto das férias!!